quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Metas de Aprendizagem na área das TIC





A revolução tecnológica dos últimos anos e a ascensão da era digital trouxeram muitas transformações com impacto na forma como se acede à informação e ao conhecimento, como se aprende, como comunicamos e nos integramos socialmente (Furtado, 2009).
Esta evolução tecnológica reflete-se também na escola e em todos os espaços de ensino e aprendizagem. Assistimos a uma mudança no conceito de aprendizagem habitualmente utilizado em educação (Illera, 2007). A educação deixou de ser centrada no simples transmitir conhecimento ao aluno, em que este era um mero recetor, para se ver o professor como facilitador da aprendizagem, apoiando o aluno na construção individual e colaborativa do seu conhecimento, proporcionando‑lhe autonomia na aprendizagem, e incentivando o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade de tomada de decisões (Carvalho, 2007). Foi neste contexto que se desenvolveram os conceitos de Literacia Digital e Literacia Tecnológica.
O documento orientador “As Metas de Aprendizagem na área das TIC” visa contribuir para o desenvolvimento das Literacias Digital, apresentando propostas de explicitação “das aprendizagens que as crianças devem evidenciar no final da primeira etapa da educação básica”. Dessa forma, educadores e professores têm à sua disposição um documento orientador para a selecção de estratégias de ensino e de avaliação dos resultados da aprendizagem com as TIC. As Metas definem ainda as competências da área das TIC que os alunos devem desenvolver ao longo e em cada uma das fases do seu percurso escolar, desde o Pré-escolar até ao final do Ensino Básico, de uma forma transdisciplinar ao currículo.
O Decreto-Lei n.º139/2012, de 5 de Julho, que define a organização curricular do Ensino Básico, estabelece a existência de uma área curricular disciplinar de TIC de carácter semestral no sétimo e oitavo ano, apontando como objetivo geral “garantir aos alunos mais jovens uma utilização segura e adequada dos recursos digitais e proporcionando condições para um acesso universal à informação”. Define também como um dos princípios orientadores do currículo (artigo 3.º) a “utilização das tecnologias de informação e comunicação nas diversas componentes curriculares”. Por sua vez, o Decreto-Lei n.º 13/2014, que determina a avaliação dos alunos, estabelece no artigo 5.º que a utilização das tecnologias de informação é uma aprendizagem de carácter transversal que deve ser objeto de avaliação em todas as disciplinas, de acordo com os critérios definidos pelo conselho pedagógico.
A biblioteca, enquanto espaço global de desenvolvimento das diferentes literacias a partir dos recursos informacionais presentes ou acessíveis na biblioteca, tem que estar ao serviço deste novo paradigma de ensino. Cabe ao professor bibliotecário a capacidade de colocar os recursos existentes na biblioteca, físicos e virtuais, ao serviço das aprendizagens que conduzam ao desenvolvimento de competências de leitura e literacia, literacia da informação, tecnológica e digital. Trata-se de aprendizagens fundamentais porque possibilitam a transformação da informação em conhecimento e, por isso, estão ao serviço das aprendizagens curriculares e das competências de aprendizagem ao longo da vida.
E, porque cabe também à biblioteca, devido ao seu carácter globalizante, contribuir para o desenvolvimento das competências transversais ao currículo, no sentido de preparar os alunos a serem capazes de aprender ao longo da vida, é fundamental a consulta deste documento das “Metas de aprendizagem das TIC”, tendo-as como referência para a planificação do seu trabalho com professores e alunos.
 Cabe à biblioteca escolar criar condições de acesso e oportunidades de aprendizagem, capacitando os jovens para o acesso, produção e uso crítico da informação, e para compreensão crítica da mensagem mediática, de forma a contribuir para a sua inclusão numa sociedade dominada pelas tecnologias e pelos media.
A biblioteca escolar deve assumir-se, segundo estes dois documentos, como lugar privilegiado de acesso a recursos diversificados e de desenvolvimento das literacias tecnológica e digital em ambientes cada vez mais tecnológicos e complexos, e capaz de dinamizar aprendizagens potenciadoras de processos de transformação da informação em conhecimento.
O objetivo das “Metas de Aprendizagem das TIC” e o referencial “Aprender com a biblioteca escolar” é comum: ambos os projetos pretendem ensinar os alunos a aprender a aprender. O aluno é, ele próprio, um agente ativo no seu processo de construção de conhecimento, sendo para isso necessário o desenvolvimento das diferentes literacias, nomeadamente a tecnológica e digital. Pede-se à biblioteca e à escola que ajudem os alunos a desenvolver as suas capacidades de procura e de tratamento da informação de acordo com objetivos concretos: investigação, seleção, análise e síntese dos dados; capacidade de comunicar, interagir e colaborar usando ferramentas e ambientes de comunicação em rede como estratégia de aprendizagem individual e como contributo para a aprendizagem dos outros; capacidade de sistematizar conhecimento com base em processos de trabalho com recurso aos meios digitais disponíveis e de desenvolver produtos e práticas inovadores e a capacidade para usar recursos digitais no respeito por normas de segurança.
Em suma, o cruzamento destes dois documentos suporta a ação de mediação que a biblioteca deve assumir neste domínio de aprendizagem, que se pode resumir como a capacidade de garantir aos alunos uma utilização segura e adequada dos recursos digitais e proporcionando as aprendizagens necessárias ao acesso universal, crítico e responsável da informação e sua transformação em conhecimento. 


Referências bibliográficas
- Carvalho, Ana Amélia Amorim (2007). Rentabilizar a Internet no Ensino Básico e Secundário: dos Recursos e Ferramentas Online aos LMS. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 03, pp. 25‑40.
-Costa, Fernando et al. (2010). I Encontro Internacional TIC e Educação. Inovação Curricular com TIC. Lisboa. Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. (931-936). (http://aprendercom.org/miragens/wpcontent/uploads/2010/11/398.pdf)
- Decreto-Lei n.º139/2012. (05 de julho de 2012).Diário da República, 1.ª série. N.º 129.
- Decreto-Lei n.º 13/2014. (14 de março de 2014). Diário da República, 1.ª série — N.º 52 .
- Felizardo, Helena – Metas de aprendizagem na área das TIC no contexto do desenvolvimento das literacias das competências transversais – um referencial para as aprendizagens com TIC. Leiria.
-Furtado, Cassia Cordeiro (2009). Bibliotecas escolares e Web 2.0.: revisão da literatura para Portugal e Brasil. v.15, n.º2, pp. 135-150, Porto Alegre.
- Illera, José L . Rodríguez (2007). Como as comunidades virtuais de prática e de aprendizagem podem transformar a nossa concepção de educação
- Portugal. Ministério da Educação e Ciência. Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares: Aprender com a biblioteca escolar. Lisboa: RBE (2012) Disponível em http://www.rbe.min-edu.pt
 

domingo, 2 de novembro de 2014

As potencialidades do Glogster


Vivemos numa constante evolução tecnológica que se reflete na escola, nas bibliotecas escolares, e em todos os espaços de ensino e aprendizagem. Já noutras reflexões se fez referência à necessidade da biblioteca saber integrar nos seus modos de funcionamento e ferramentas de trabalho as novas tecnologias da informação, acompanhando a sua própria evolução e potencializando as suas mais-valias, como é o caso da Web 2.0. Considerando-se que nos atuais processos de ensino e aprendizagem o aluno não é apenas um recetor de informação, mas também o construtor da sua própria aprendizagem, as ferramentas tecnológicas como o Glogster desempenham um papel cada vez mais importante. A aplicação Glogster surgiu em 2007 e o seu imediato sucesso esteve na base do desenvolvimento do projeto de educação Glogster EDU, lançado para ser usado em ambiente educativo. O Glogster EDU é uma rede social que permite aos utilizadores a criação de cartazes interativos gratuitos ou glogs. O glog, abreviatura de blog gráfico, é uma imagem multimédia interativa. Parece um póster, mas os leitores podem interagir com o seu conteúdo. Permite aos utilizadores inserir texto, imagens, fotografias, áudio (MP3), vídeos, efeitos especiais e outros elementos nos seus glogs para gerar uma ferramenta multimédia online. O Glogster EDU é uma espécie de sistema de gestão da aprendizagem. Os professores podem criar com os alunos projetos que se estendem a outras escolas. Para além da garantia de qualidade dos produtos finais, os glogs são também instrumentos fomentadores de motivação e criatividade dos alunos.

sábado, 1 de novembro de 2014

Antes de Ler



A atividade apresentada realizou-se como motivação para a leitura da obra A Joaninha Quadrada, de Marília Ascenso. Estruturou-se como uma atividade prévia à visita da autora às escolas do Pré-Escolar e do 1.º Ciclo para a apresentação do livro, e à consequente exploração do mesmo pelos alunos em contexto de sala de aula. A atividade apresentada foi realizada com alunos do 1.º ciclo.
As atividades visavam explorar o livro enquanto objeto físico (noções de capa, lombada, guardas, contracapa e folha de rosto) e os elementos identificativos do livro (autor, ilustradoras, editora, n.º de edição e tiragem).
Pretendeu-se, igualmente, motivar os alunos para a leitura da história, conduzindo-os a pequenas descobertas a partir do título, da sinopse, da ilustração da capa e guardas. Usou-se a estratégia da antecipação, de modo a criar nos alunos a vontade e a curiosidade de lerem a obra.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

As implicações da Web 2.0 para as bibliotecas escolares


A revolução tecnológica dos últimos anos e a ascensão da era digital trouxeram muitas transformações com impacto na forma como se acede à informação e ao conhecimento, como se aprende, como comunicamos e nos integramos socialmente (Furtado, 2009). É neste contexto que se pede às bibliotecas que sejam capazes de dinamizar aprendizagens potenciadoras de processos de transformação da informação em conhecimento.
A World Wide Web assumiu-se indiscutivelmente como a principal rede global de circulação de informação e de comunicação, e as bibliotecas rapidamente a integraram nos seus modos de trabalho, organização e disponibilização de informação. Essa integração foi de tal forma significativa que a própria evolução tecnológica da Web influencia o seu modo de trabalho, como o exemplifica a Web 2.0.
O termo Web 2.0 surgiu para designar uma segunda geração de comunidades e serviços da Web, em que os utilizadores não são meros recetores da informação, são também construtores dessa informação e das próprias redes, numa lógica de “arquitetura de participação”(Manness, 2007). Constitui-se num ambiente social acessível a todos os utilizadores, um espaço onde cada um seleciona e controla a informação de acordo com as suas necessidades e interesses.
O desenvolvimento da Web 2.0 teve profundas implicações nas bibliotecas, de tal forma que, hoje em dia, se fala em Bibliotecas 2.0. O conceito traduz uma nova visão para as bibliotecas, centradas no utilizador, em que o mesmo participa na criação de conteúdos e serviços disponibilizados pela própria biblioteca. Implica também a ideia de experiência multimédia, em que tanto as coleções como os serviços se estruturam em vídeo, áudio e realidade virtual, assim como na interação com os utilizadores, quer de forma síncrona (mensagens instantâneas), quer de forma assíncrona (por exemplo através das wikis).
Considerando, a título de exemplo, a biblioteca escolar em que trabalho, constata-se essa integração da web 2.0 no que diz respeito à utilização de determinadas ferramentas tecnológicas.
A biblioteca dinamiza um blogue próprio como diário de atividades, onde se registam as atividades desenvolvidas ou a desenvolver, divulgando novidades e propostas de leitura, lançando desafios e sugerindo ligações a outros sítios da web com informação e recursos validados para apoio ao currículo. O blogue tem também como objetivos promover alguma interação com os alunos e professores. Dinamiza igualmente uma página no Facebook integrada com o blogue, numa lógica de marketing da biblioteca e como forma de chegar aos utilizadores. Ainda na área das redes sociais, faz uso do Youtube enquanto ferramenta de divulgação de atividades.
O trabalho da biblioteca é também dinamizado com recurso à ferramenta moodle do agrupamento, utilizando as suas potencialidades para a divulgação de atividades junto da comunidade. Recentemente, também se têm utilizado as potencialidades do Google docs em alguns projetos, nomeadamente em projetos de escrita colaborativa e na organização de concursos de leitura online.
Um outro projeto previsto diz respeito ao uso de aplicações como o Calameo e o Photo story para a criação e divulgação de ebooks da autoria dos alunos.


Referências Bibliográficas:




-Furtado, Cassia Cordeiro (2009). Bibliotecas escolares e Web 2.0.: revisão da literatura para Portugal e Brasil. v.15, n.º2, pp. 135-150, Porto Alegre.
-Manness, Jack M. (2007) Teoria da biblioteca 2.0: as suas implicações para as bibliotecas. v.17, n.º1, pp.43.51.